“O que pode parecer
apenas uma decisão interna sem maiores consequências, não é. Esta decisão
significa, em poucas palavras, que a Refinaria Potiguar Clara Camarão, do alto
de suas sucessivas conquistas de aumento de capacidade, aprimoramentos
técnicos, investimentos em expansão e gestão técnica e comercial especializada,
deixará de ser considerada uma REFINARIA… Isso é decretar a morte da nossa
refinaria”, alertou o especialista. Ainda conforme Prates, essa notícia chega
em um momento em que a Refinaria está em expansão, conquistando recentemente a
ampliação do seu processamento de barris, superando inclusive a Refinaria de
Manaus.
“Uma conquista
importante para o RN e que deveria ser comemorada como consolidação de uma
jornada que pode levar à revitalização do setor de petróleo no Estado, se
devidamente trabalhada. A nova capacidade representa a possibilidade de refinar
quase 80% da produção de petróleo atual de toda a Bacia Potiguar (que inclui
campos no Rio Grande do Norte e no Ceará)”, frisou.
Na nota, JeanPaul
Prates também faz críticas ao governo do presidente interino, Michel Temer.
“Diante da realidade atual de um governo interino que, em 180 dias, terá que se
esforçar para não frustrar as enormes (e caras) expectativas dos apoiadores
fisiológicos e, ao mesmo tempo, entregar algum resultado efetivo na área
econômica e social, não há como deixar de trazer à pauta estadual a denúncia de
que poderão nos tirar a refinaria simplesmente para alegar uma redução de
custos que, na verdade, significará mais um retrocesso do investimento da
Petrobras no Estado o maior de todos”, diz.
Até o momento, a
Petrobras ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.
Confira abaixo a
nota de JeanPaul na íntegra:
“A Refinaria
Potiguar Clara Camarão (RPCC) recebeu recentemente da Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a autorização para passar a
processar 45 mil barris por dia de petróleo. Passou assim à frente da Refinaria
de Manaus (REMAN) quanto a capacidade de processamento. Uma conquista
importante para o RN e que deveria ser comemorada como consolidação de uma jornada
que pode levar à revitalização do setor de petróleo no Estado, se devidamente
trabalhada.
A nova capacidade representa a possibilidade de refinar quase 80%
da produção de petróleo atual de toda a Bacia Potiguar (que inclui campos no
Rio Grande do Norte e no Ceará). No entanto, ontem me chegou a confirmação do
que até pouco tempo eu considerava apenas um boato, mas que parece encontrar
confirmação nos corredores internos da Petrobras: diante das circunstâncias
político econômicas atuais em especial a partir do advento do governo interino
de Michel Temer e aliados de ocasião está sendo preparada a pleno vapor a
devolução da unidade de refino norteriograndense para a Diretoria de Exploração
& Produção. A medida vinha sendo internamente planejada e discutida, com
alto grau de discordâncias, mas
ganhou força neste momento por razões certamente distantes da mera austeridade
financeira.
O que pode parecer
apenas uma decisão interna sem maiores consequências, não é. Esta decisão
significa, em poucas palavras, que a Refinaria Potiguar Clara Camarão, do alto
de suas sucessivas conquistas de aumento de capacidade, aprimoramentos
técnicos, investimentos em expansão e gestão técnica e comercial especializada,
deixará de ser considerada uma REFINARIA. Portanto, ficará totalmente excluída
do Plano Estratégico e das discussões da
Diretoria de Refino e Gás Natural
(anteriormente denominada Refino e Abastecimento).
Isso é decretar a morte da nossa refinaria, assim como se decretou recentemente
a suspensão das atividades de perfuração terrestre em todo o País e o
fechamento da planta de biodiesel de Guamaré sem que houvesse maior reação por
parte dos líderes políticos e empresariais do nosso Estado (ressalto, por
oportuno, os pedidos de esclarecimento enviados pela Senadora Fatima Bezerra
aos sucessivos presidentes da Petrobras, no período, relativos a tais
assuntos).
Ao
contrário do que se está planejando internamente, o que deveria ser feito é
justamente o contrário: a incorporação de todo o Pólo Guamaré à nova Diretoria
de Refino e Gás Natural, incluindo as UPGNs e os terminais de despacho e
recebimento de produtos. Isso sim, seria medida de eficientização das
estruturas logísticas e da gestão dos ativos da empresa no RN.
E também
indicaria, claramente, um caminho de avanço e não de retrocesso dos
investimentos e da presença da Petrobras na nossa região. Portanto, é hora de
nos prepararmos para um amplo debate dos planos reais da Petrobras quanto ao
Rio Grande do Norte. E nisso, juntarmonos aos nossos vizinhos Ceará e Paraíba
que também possuem ativos de produção de petróleo que serão afetados por estas
decisões tanto campos considerados maduros quanto fronteiras a ser exploradas.
É urgente agir
enquanto tais discussões se encontram em estágio de planejamento e discussão e,
em especial, por se tratar de uma decisão de um governo interino.
Vale lembrar que a
RPCC passou recentemente por uma ampliação que duplicou a sua capacidade de
produção de QAV. Para isto, contou com a contribuição importante do Governo do
Estado, que lhe concedeu o diferimento fiscal para o combustível possibilitando
atrair novos empreendimentos conexos, incluindo mas não se limitando ao
“hub”
da TAM (centro de conexões de
vôos a ser localizado no Aeroporto Internacional
Aluisio Alves, em São Gonçalo do Amarante), que alegadamente poderá resultar em
investimentos da ordem de 4 a 6 bilhões de reais e na geração de cerca de 8 a
12 mil empregos diretos e indiretos para a região metropolitana de Natal.
Ademais, temos informações de que a RPCC é uma unidade lucrativa e que conta
com um histórico de gestores e operadores técnicos competentes e bem sucedidos
nas suas respectivas missões. Foi uma conquista histórica para o Estado, e um
sinalizador de novos empreendimentos e investimentos no futuro.
Como Secretário de
Estado de Energia à época, fui testemunha e partícipe direto da ampla discussão
da sociedade civil organizada do RN, do Governo do Estado e de toda a bancada
parlamentar federal e estadual em uníssono, com a Petrobras e o Governo
Federal. A principal meta estabelecida foi conseguir processar todo o petróleo
produzido no Estado historicamente um dos mais importantes para a produção
nacional e ainda o maior produtor nacional de petróleo terrestre, agora em vias
de começar operações em águas profundas também com perspectivas de incrementar
a produção local de cru.
Não obstante
compreender a atual e necessária busca por maior produtividade, racionalização
de custos internos e demais medidas de austeridade e eficientização que estejam
em curso ou em planejamento, temos a certeza de que esta medida irá,
inevitavelmente, criar insegurança quanto à futura capacidade de fornecimento
para o mercado local, anulando a conquista concreta de uma operação lucrativa e
com potencial de ocupar nichos do mercado regional altamente promissores, para
os quais certamente não faltariam atrativos ao financiamento próprio ou externo
à companhia.
Desta forma, e com alto grau de urgência, gostaria de deixar aqui
um apelo firme para que sejam dirimidos tais rumores a nosso ver extremamente
negativos para a estabilidade do ambiente operacional desta importante unidade
e para que nos seja confirmada a manutenção do status da refinaria, na sua
atual configuração organizacional, subordinada ao REFINO, de forma a assegurar
a continuidade do seu planejamento e operação dentro desta área especializada
da empresa.
Como cidadão e como líder empresarial do setor energético, em nome
dos dois sindicatos empresariais dos quais participo, permito me sugerir ao
Governador do Estado e a seu secretariado que convoquem a bancada de
parlamentares do Estado e encaminhem imediatamente à Presidência e à Diretoria
da Petrobras pedido formal de esclarecimentos sobre os reais planos de
investimento e estrutura de gestão da empresa no Rio Grande do Norte, em
especial quanto à Refinaria Potiguar Clara Camarão. E que também se articulem
com os nossos estados vizinhos, capitaneados pelos Governadores Camilo Santana
(Ceará) e Ricardo Coutinho (Paraíba) para que sejam reforçadas a importância
das Bacias Sedimentares do Nordeste Setentrional (Barreirinhas, Parnaíba,
Ceará, Potiguar, Paraíba,Pernambuco e Araripe) e dos
investimentos e operações nelas desenvolvidas para a geração de emprego e renda
nestas região.
JeanPaul Prates
Presidente do Sindicato das Empresas do Setor Energético do Estado do Rio
Grande do Norte (SEERN), Membro do Conselho
Fiscal do Sindicato das Empresas do Setor de Petróleo Gás e Combustíveis do
Estado do RN (SIPETRO/RN)”.
(***) Fonte: Novo Cidadão.com
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